sexta-feira, 28 de março de 2008

CÃES PERIGOSOS I

Governo quer proibir criação e reprodução de cães perigosos
O Governo prepara-se para proibir a importação, criação e reprodução de cães considerados perigosos. A decisão foi anunciada pelo ministro da agricultura, do desenvolvimento rural e das pescas, Jaime Silva. O despacho sobre as raças de cães perigosos, que está actualmente em fase de conclusão, vem no seguimento de uma série de acidentes considerados graves envolvendo ataques de cães.



Flávia Pereira tinha 11 anos quando em Julho de 2007, sem que nada o fizesse prever, foi atacada por uma cadela de raça pittbull em casa do irmão da amiga com quem brincava, na Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira.

A jovem estava a brincar na rua com a amiga quando decidiram subir ao apartamento onde vive o irmão de Mariana para lanchar. Flávia abriu a porta da cozinha onde a cadela Kira era mantida fechada sempre que os donos não estavam em casa.

A cadela acabou por atacar Flávia, e também Mariana, quando esta tentava proteger a amiga. A menina acabou por ficar com vários ferimentos nas pernas e nos pés. As duas amigas acabaram por conseguir fugir para o elevador do prédio onde pediram ajuda. Para além de ferimentos causados por dentadas, que foram suturados, a menina sofreu também perfurações maiores cujos orifícios não foram fechados.

Também uma criança de dez anos foi atacada por um cão na localidade de Grainho, freguesia de várzea, concelho de Santarém, e sofreu ferimentos graves em várias partes do corpo. O animal, arraçado de pastor alemão, mordeu a vítima no lábio, braço e tórax. O rapaz teve que ser sujeito a uma cirurgia de reconstrução de algumas zonas onde tinha mordeduras mais profundas.

Teresa Gomes, residente na Chamusca, tem dois rottweilers, com oito e cinco anos, e desde sempre se habituou a sair à rua com os seus cães com açaime e trela. A professora que nunca teve qualquer problema com os seus animais acredita que a culpa desta decisão tomada pelo Governo é em grande parte dos donos dos canídeos. E explica porquê. “Há muitos anos que existem regras para andar com os cães na rua. Todos sabemos que os animais devem usar açaime e trela. Além disso devem ter um chip seguro e estarem certificados nas juntas de freguesia. A grande maioria dos cães não possui nada disto. Agora uns vão pagar pelos outros”, afirma, adiantando ainda que esta medida vai aumentar o abandono de muitos animais uma vez que as esterilizações são muito caras.

Quem também se mostra totalmente contra esta decisão do Governo é Flávio Neves, 24 anos, de Vialonga (Vila Franca de Xira). O jovem tem uma cadela raça pittbull terrier há cinco anos e garante nunca ter tido problemas com ela. Na sua opinião a medida é excessiva e não tem razão de ser. “O problema não são as raças dos cães mas sim os seus donos. Quem cria estes cães para lutas e os torna agressivos é que deveria ser punidos. As autoridades têm que controlar melhor o que se passa” afirma.

Em Portugal estão registados perto de 5.500 cães de raças perigosas e existem ainda cerca de mil cães referenciados como perigosos por terem atacado pessoas ou mostrado sinais de agressividade não controlada.O despacho que está a ser preparado pelo Governo prevê a “proibição da importação e criação dos chamados cães perigosos definidos como tal na legislação”, assim como a “obrigatoriedade da esterilização destes animais num prazo de dois meses”. O Ministério está ainda a recolher contributos das organizações representativas do sector.As sete raças ou cruzamentos de canídeos que vão passar a ser proibidas em Portugal são o Dogue Argentino, Pittbull Terrier, Rottweiler, Cão de fila brasileiro, Staffordshire Terrier Americano, Staffordshire Bull Terrier e Tosa Inu.
Fonte: O MIRANTE
Director: Alberto Bastos

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