quarta-feira, 2 de abril de 2008

Centro de Triagem de Animais Silvestres ajuda a combater tráfico

Centro de Triagem de Animais Silvestres ajuda a combater tráfico
Cetas é o primeiro na Amazônia e faz parte de um projeto padrão implantado em doze capitais.


Cerca de 50 animais, entre papagaios, macacos, araras, onças, jabutis e outras espécies, já estão recebendo tratamento médico no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), inaugurado há duas semanas. O Cetas de Rio Branco é o primeiro na Amazônia e faz parte de um projeto padrão implantado em 12 capitais brasileiras pelo Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para combater o tráfico de animais silvestres. O centro da capital acreana é administrado pela prefeitura e funciona como anexo do Parque Chico Mendes.

Batizado com o nome de Cláudio Reis dos Santos, como homenagem a um tratador do Parque que morreu recentemente, o Centro de Tratamento de Animais Silvestres de Rio Branco é considerado de “excelência”, ou seja, está dentro dos padrões modernos e tem condições adequadas para tratamento, recuperação e destinação de animais silvestres.

Com estrutura completa, o Cetas Cláudio Reis dos Santos possui até sala de cirurgia. É dividido em dois setores: o de quarentena e a centro de triagem. No setor de quarentena, para onde os animais são destinados assim que chegam ao local, há oito salas que são espécies de enfermaria. É neste setor que os animais recebem os primeiros-socorros, são pesados, alimentados e ficam em quarentena para observação:

“Geralmente os animais chegam com problemas nutricionais, então aqui recebem alimentação balanceada, tomam remédios para vermes e recebem todos os cuidados e ficam internados em quarentena, que é o período que as doenças estão encubadas e aparecem os sintomas”, explica o médico veterinário Paulo Dias.

Depois da quarentena se o animal estiver saudável, é transferido para o centro de triagem e fica à disposição do Ibama para soltura ou destinação a um zoológico ou pesquisa. A área do setor de triagem é formada por 16 viveiros, biotério, ambulatório, enfermaria, centro cirúrgico e sala de necropsia, além do setor administrativo, depósitos, cozinha e banheiros.

A gerente do Parque Chico Mendes, Joseline Guimarães, comemora a aquisição do centro, que chegou na hora certa. Ela enfatiza a importância do Cetas para o combate de tráfico de animais e a questão da saúde pública, pelo fato de no Acre ainda ser muito alto o índice de pessoas que criam animais silvestres.

“Nosso Cetas é considerado de padrão A. Agora temos um local adequado com espaço para recebermos os animais. O centro é também uma questão de saúde pública, porque tendo um lugar adequado diminui a transmissão de zoonoses, pois existem muitos animais que transmitem doenças a humanos e vice-versa. Rio Branco precisava de um cetas”.

Joseline alerta para a cultura de se ter animais silvestres em casa. Segundo ela, a demanda de animais com maus-tratos ainda é muito alta e dá como exemplo o caso de uma arara que eles receberam recentemente. A ave chegou em estado grave, depenada, com a asa quebrada e sequer emitia sons, pois estava triste e estressada. O animal recebeu tratamento e a melhora é visível: alimenta-se normalmente e “até conversa com os médicos veterinários”.

“È uma cultura que devemos mudar. Lugar de animais silvestres é na floresta e não dentro de casa; isso não é uma forma de demonstrar amor pelos animais”, ratifica Joseline.

O Cetas tem capacidade para receber 500 animais por ano em sistema de rodízio. A área total do Centro é de cerca de 700m²; o custo da obra foi de R$ 681.101,09. Trata-se de um acordo de cooperação técnica entre o Ibama e a Prefeitura de Rio Branco, que mantém e administra o Centro, através da equipe do Parque Chico Mendes, onde antes era feito o tratamento dos animais silvestres.

Fonte:
Página20 On Line
Maracimoni Oliveira



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