terça-feira, 19 de agosto de 2008

Dono de circo ia esconder animais em Dourados, diz Ibama

Animais foram alimentados por tratador trazido de Brasília

O proprietário do Le Cirque George Stevanovich pretendia esconder os elefantes, rinoceronte e outros animais como zebras, hipopótamo e chimpanzés em uma fazenda de Dourados. Foi o que disse esta manhã o chefe de fiscalização do Ibama, Reginaldo Yamaciro. Segundo ele, há uma carreta extraviada, com vários animais, que está sendo procurada.


Supõe-se que nesta carreta estejam zebras, hipopótamo e chimpanzés, que deveriam ser apreendidos conforme mandado expedido pela Justiça. O proprietário do circo foi multado em R$ 100 mil por obstrução à fiscalização porque teria se negado a fornecer documentação à PRF (Polícia Rodoviária Federal). Esta manhã, em entrevista ao Campo Grande News, ele argumentou que estava vindo para Campo Grande para uma turnê.

Porém, segundo o Ibama, ele estaria fugindo com os animais para que não fosse cumprida ordem de busca e apreensão emitida pela justiça de Brasília. O dono do circo chegou a conseguir uma liminar na Justiça, mas ela foi derrubada e no fim de semana passada ele deixou Brasília com as carretas e os animais.

O Ibama de Brasília, sabendo que ele viria para Campo Grande, acionou a unidade em Mato Grosso do Sul, que avisou a PRF. No posto de São Gabriel foram apreendidas duas carretas com quatro elefantes, na tarde de ontem e durante a noite mais uma carreta foi apreendida, com um elefante e um rinoceronte, em Jaraguari.

Maus tratos – A ação contra o Le Cirque foi motivada pela constatação de maus tratos pelo Ibama. A veterinária trazida pelo órgão esta manhã, que atua no zoológico de Brasília, foi enfática ao ver os bichos: “É evidente a prática de maus tratos contra esses animais”, disse. Os animais apresentam problemas nas articulações, machucados nas patas e problemas de comportamento devido ao confinamento em espaços reduzidos, como o interior de carretas e constantes viagens.

Ela disse que não podem ser reintroduzidos ao habitat, porque foram subtraídos ainda pequenos e não se adaptariam. Porém, podem ganhar melhor qualidade de vida em um zoológico. Os animais deverão ser recambiados para Brasília, mas ainda não há previsão de data para a viagem.

Enquanto permanecerem no Regimento de Cavalaria, ao lado do CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande, os animais serão alimentados às custas do Ibama. Nesta manhã o órgão providenciou a alimentação no Ceasa: banana, alface, laranja, maçã, abobrinha, mamão, batata e alfafa.

O tratador Walter Pereira Lima, que também foi trazido de Brasília, está receoso quanto ao comportamento dos animais, devido ao estresse pelo qual eles passaram. Ele acredita que pode ter dificuldades para impor seus comandos e até para faze-los entrar na carreta na viagem de volta a Brasília.

Abuso – O advogado do circense, Márcio José da Cruz, classificou como abusiva a ação da polícia porque o mandado de apreensão se referia apenas aos animais e não às carretas. Os veículos, no entanto, já foram liberados. Ele disse que vai entrar com recurso para que George recobre a posse dos animais.

George nega maus tratos e diz que tem os animais há muitos anos, porque é a quarta geração de uma família circense. São 200 anos de tradição, segundo ele. Ao todo o circo tem 27 animais.
Em Campo Grande foi sancionada no dia 1º de julho Lei que proíbe a apresentação de circos que tenham números com bichos, sob pena de multa e cancelamento de alvar

Campo Grande News
Fernanda Mathias e Renato Lima
Minamar Junior

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