terça-feira, 15 de abril de 2008

Passageiros de quatro patas

Estação Rodoviária de Porto Alegre já vende bilhetes para transporte de pequenos bichos de estimação


A estudante de Farmácia Tatiane Amaral, 25 anos, não precisará mais esconder o cãozinho da raça yorkshire dentro da bolsa quando viajar de ônibus entre Porto Alegre e Cachoeira do Sul.

Ontem, a universitária comprou o primeiro bilhete para o mascote Scott, de três anos, que agora será um passageiro legalizado.

Tatiane foi uma das que vibraram com a regulamentação do transporte de animais em ônibus intermunicipais, aprovada no dia 10 pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Ela temia que o clandestino Scott fosse descoberto - por um latido involuntário ou por colocar o focinho peludo fora da bolsa - durante a viagem de duas horas e 30 minutos até Cachoeira do Sul, onde visita a sua mãe.

- Por sorte, nunca desconfiaram de nada - revela Tatiane, aliviada.

Na sexta-feira, Tatiane e Scott embarcarão no ônibus sem os temores da clandestinidade. O bichinho deverá viajar sob a poltrona da estudante, dentro de uma caixa ventilada, levemente sedado, até para não enjoar com eventuais solavancos. A dona já providenciou o atestado veterinário, pois mantém um plano de saúde, pagando R$ 30 mensais para garantir o bem-estar de Scott.

A gerência da Estação Rodoviária de Porto Alegre informa que começou, embora timidamente, a procura por bilhetes para animais. A tarifa dos bichos custa metade da convencional.

Além da passagem, os donos de animais terão outros gastos. Para conseguir o atestado de saúde e a receita do sedativo, exigidos por lei, deverão procurar o médico veterinário. Em média, a consulta custa R$ 50.

A veterinária Andrea Nagelstein costuma examinar animais, verificando se tomaram as vacinas corretas, estão livres de miíases (doenças na pele) e com boa saúde. Ela também prescreve a dosagem do remédio, de acordo com o peso do bicho e a duração da viagem.

- Não é bem uma sedação. É uma tranqüilização, que causa sonolência - observa Andrea.

O próprio dono aplica o calmante no cão ou gato, em gotas, às vésperas do embarque. Se a viagem ultrapassar seis horas, poderá reforçar a dose, sempre conforme a recomendação do veterinário. Passageiro assíduo nos ônibus, o ex-clandestino Scott, cãozinho da universitária Tatiane, costumava ingerir apenas um remédio para não enjoar.

( nilson.mariano@zerohora.com.br )
NILSON MARIANO

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