sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

É do Espirito Santo a idéia da castração biológica

O responsável pelo invento é o castelense Marcelo Vivacqua, vencedor do 38º Salão de Inventores de Genebra


Você já imaginou castrar um animal, sem corte, sem dor, e sem efeito colateral? Essa é uma realidade nova e nossa. É de um capixaba o medicamento considerado para o mercado mundial da medicina veterinária como um divisor de águas. Trata-se da castração biológica, cuja patente é do pesquisador, veterinário e doutorando em biotecnologia da reprodução, Marcelo Vivacqua, natural de Castelo.


Há dez anos, Vivacqua vem se empenhando na pesquisa. Ele conta que o que o motivador para o início do estudo foi à discordância e insatisfação de ver a castração tradicional, classificada por ele como medieval. As vantagens, em relação à castração cirúrgica, são muitas, ele garante. E destaca o fato de não haver necessidade de procedimento anestésico, evita crueldade, riscos de hemorragia, promove um processo eficiente, sem dor, corte e probabilidade de contaminação.

Segundo o castelense, o procedimento evita complicações pós-operatórias, como tétano - muito comum. Além do aspecto econômico, uma vez que não necessita remanejar e manipular o animal. Na castração cirúrgica pode gerar problemas que resultam em gastos com mão-de-obra, medicamentos, perda de peso e em muitos casos a morte do animal.

Desde a década de 60, existem pesquisas no ramo da castração animal de forma biológica. De acordo com o pesquisador, a grande "sacada" brasileira, foi à adição da enzima papaína - presente no mamão. E ainda a utilização do ácido lácteo em pequenas quantidades.

O ácido é utilizado na câimbra e contração muscular do animal. O organismo para gerar energia queima o glicogênio e gera o ácido lácteo. De acordo com Vivacqua, a quantidade injetada no animal não chega a 20% do que o organismo produz naturalmente em 24 horas. Ele pontua que nas pesquisas anteriores, a quantidade utilizada desse produto era alta, por isso não tinham resultado satisfatório. Afirma ainda que a adição da papaína foi o grande diferencial, já que ela promove a digestão do tecido testicular e a difusão mais facilitada do ácido.

O medicamento é classificado como quimioterápico, que gera o processo inflamatório do testículo, o tornando um tecido fibroso afuncional, que não produz espermatozóide e hormônios masculinos. Elimina a libido e o desejo sexual, consequentemente elimina a agressividade, e o animal terá mais tempo para a alimentação.

Medicamento já tem comprovação efetivada
Mais de cinco mil animais já foram submetidos à castração biológica com sucesso. A princípio são só experimentos, mas já foi comprovada a efetividade do medicamento. Com o nome fantasia de StopSex100, o produto ainda não está registrado. Vivacqua diz que está estudando propostas de empresas multinacionais. Conta ainda que durante um Fórum de Discussões de Palestrantes no Salão do Inventor de Genebra, na Suíça, especialistas avaliaram seu invento em R$20 milhões de dólares.

"Muitas pessoas já demonstraram interesse em comercializar o SS100 na Europa, mas gostaria de concentrar esforços para que essa invenção ficasse no Brasil. Especificamente no Espírito Santo, consolidando-o como um exportador de tecnologia", afirma o inventor. Em abril deste ano, o capixaba conseguiu um feito histórico para o Brasil: conquistou o ouro inédito, na categoria medicina, no 38º Salão de Inventores de Genebra, pela criação da nova técnica de castração. Ele foi o único latino-americano a conquistar tamanho feito. Em outubro último, foi bronze no Salão do Inventor, em Taiwan, na China.

Em 2009 foi primeiro lugar no 13º Salão do Inventor Brasileiro, realizado em Vitória.
Marcelo e sua equipe desenvolveram um novo produto biológico que será apresentado no Salão de Genebra em 2011, denominado Orcante, também a base de papaína, ácido lático e bromelina. O invento tem grandes probabilidades de curar o câncer de mama e outras neoplasias, sem efeitos colaterais.

Por que castrar?
A castração tem como principal objetivo facilitar o manejo dos animais, já que o animal se torna mais dócil. Eliminar distúrbios da conduta sexual e reduzir a incidência de cortes escuros, visto que o animal castrado produz mais gorduras, a carne fica mais macia e é agregado mais valor comercial ao produto. Pesquisas comprovam que animais castrados são de melhor qualidade e de maior aceitação no mercado.

Vivacqua conta que tem casos que para compensar a castração, usam hormônios femininos. O animal, nesse caso, precisa de um período de carência de três a seis meses, que na maioria das vezes não é respeitado. Estudos apontam que essa comercialização errada da carne pode acarretar sérios problemas ao ser humano, um dele é o câncer.

Castração biológica em humanos
Um projeto de lei tramita no Senado Federal há mais de um ano, de autoria do senador Gerson Camata (PMDB), visa à castração biológica em pedófilos condenados. O parlamentar afirma que na Itália, França, Inglaterra e alguns estados norte americanos já é aplicada a castração biológica nesses criminosos. Isso porque já estaria provado que os pedófilos são irrecuperáveis.

De acordo com veterinário e doutorando em biotecnologia da reprodução, Marcelo Vivacqua, dono da patente da castração biológica, o medicamento é usado em animais mamíferos. Ele acredita que pelo fato do ser humano também ser mamífero a resposta da castração será similar.

O advogado, Michel Sabino, afirma que o projeto de lei é inconstitucional na medida que ofende o princípio da integridade física e moral do preso, esculpido pelo art. 5º. XLIX da Constituição Federal de 1988. Ele explica que a sexualidade é genuína do ser - humano e em caso de distúrbio ela deve ser tratada e não castrada.

"Nossa legislação atual não dá qualquer amparo para ato de agressão a integridade física e moral do ser - humano, em quaisquer dos três poderes, seja no executivo, legislativo ou judiciário. Em uma condenação, criminar está longe do intento de excluir o individuo condenado do ceio social, do contrário, sua intenção prima é pedagógica, para posterior inserção social. Castrar seria uma condenação irreversível, que se projeta no retrocesso legal de Talião, em sua máxima 'olho por olho, dente por dente'", conclui.

Fonte:ES HOJE




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