quarta-feira, 2 de abril de 2008

Gatos Carnívoros e exigentes

Carnívoros e exigentes
Gato de desenho animado só gosta de peixe e leite. Os felinos domésticos de verdade realmente apreciam esses alimentos, mas sua dieta tem de ser muito mais rica e devidamente balanceada. Os gatos são naturalmente carnívoros e selecionam bastante o que comem. O problema é que essa seleção é feita pelo paladar, e não de acordo com suas necessidades nutricionais. A indústria de alimentação animal está atenta a essas características, pois oferecem produtos completos e de qualidade comprovada para atender as exigências alimentares reforçados por atrativos como sabor e aroma. O equilíbrio é fundamental na nutrição.


Gatos necessitam de suplementação de nutrientes específicos, que não são necessários ao cão e outros animais domésticos. Destacam-se a taurina, um aminoácido, e o ácido aracdônico, um lipídio estrutural. Além disso, suas necessidades protéicas são muito maiores que a dos cães, necessitando no mínimo de 30% de proteína para crescimento e reprodução e 24% para manutenção dos adultos. Outro ponto importante é o sistema digestivo mais delicado, necessitando de alimentos de maior digestibilidade e pelo menos 8% de gordura em suas dietas.

Resumidamente, os principais fatores que tornam os gatos animais especiais sob o ponto de vista nutricional são:
Vitamina A : Gatos não convertem o beta-caroteno, presente nas plantas, em vitamina A, necessitando dela pré-formada em sua dieta. Na prática, significa que cenoura cozida, para gatos, não tem valor nutritivo!
Niacina: Gatos não convertem o aminoácido triptofano em niacina, uma vitamina do complexo B. Suas necessidades de niacina são 4 vezes maiores que a dos cães. Sua deficiência causa perda de peso e apetite e úlceras na cavidade oral e língua.
Taurina: É um aminoácido que não é incorporado à cadeia protéica, sendo essencial para o funcionamento do miocárdio (músculo do coração) e da retina. Diferentemente dos demais mamíferos domésticos, o gato não a sintetiza em quantidades suficientes, devendo esta estar presente em suas dietas. Sua deficiência leva a degeneração da retina, cegueira e doença cardíaca.
Proteína: A dieta natural dos gatos, rica em proteína e pobre em carboidratos, levou a adaptação dos sistemas enzimáticos do fígado. Estes apresentam uma alta conversão de aminoácidos em glicose, fazendo com que a necessidade protéica dos gatos seja maior que a dos cães em 50% para o crescimento e seja o dobro para manutenção de adultos.
Piridoxina: Também conhecida como vitamina B6, participa do metabolismo das proteínas. A necessidade de piridoxina nos gatos é quatro vezes maior do que em cães, devido ao alto metabolismo protéico dos felinos. A deficiência desta vitamina leva a anemia, parada do crescimento, lesões renais irreversíveis e convulsões.
Ácido aracdônico: Este ácido graxo é um dos constituintes da membrana celular. Sua deficiência leva a problemas reprodutivos, dermatite, pele hiperplásica, paraqueratose, hemorragia subcutânea, etc. Diferentes dos cães, os gatos não convertem o ácido linoleico em ácido aracdônico, devendo suas dietas apresentar este ácido graxo pré-formado. Na prática significa que rações para gatos devem apresentar proteína e gordura animal em sua composição.

Um nutriente bastante estudado e discutido nas rações para gatos é o magnésio, mineral que promove o correto funcionamento muscular. A principal preocupação, nesse caso, é com o exagero. Os fabricantes de alimentos para gatos tem procurado reduzir ao máximo o nível de magnésio nas rações, pois este foi incriminado na formação de cristais no aparelho urinário. A espécie sofre mais com esse tipo de problema, pois a uretra dos gatos é extremamente fina e sinuosa e a existência de cálculos no aparelho urinário pode obstruir o canal. Se não houver tratamento em tempo hábil, a conseqüência pode ser fatal.

No entanto houve certo exagero quanto à importância real das rações e do magnésio na Doença do Trato Urinário Inferior dos Felinos (DTUIF). Em estudo sobre o assunto, OSBORNE et al (1989) verificaram em 132 casos da doença a presença de plugs uretrais em 32 (22,37%), urolitíase sem infecção urinária em 32 (22,37%), 2 casos de infecção do trato urinário (1,4%), 2 casos de infecção mais urolitíase (1,4%) e 77 casos sem causa determinada (53,8%). Dados mais recentes demonstram que os casos sem causa determinada chegam a atingir valores acima de 70%, demonstrando que os cristais parecem não ser tão importantes assim na doença. Por outro lado, o pH urinário é fundamental e as rações devem conferir um pH ácido, fisiológico da urina dos gatos. Isto pode ser conseguido fornecendo-se proteína animal e acidificantes naturais, o que ajuda muito na prevenção da doença.
IDADE – A necessidade alimentar dos gatos muda de acordo com sua idade. O animal mais jovem requer maior proporção de vitaminas, minerais e proteínas, pois seu crescimento é mais acelerado. O balanceamento entre cálcio e fósforo é outro fator importante, pois tem influência direta na formação dos dentes e do esqueleto, em especial até os dez meses de idade e suas rações devem apresentar pelo menos 1,0% de cálcio e 0,8% de fósforo.

Após estes dez meses de vida, os gatos atingem a maioridade e suas necessidades nutricionais também mudam. O cálcio é importante nesse período, no entanto, em proporção menor (no mínimo 0,6% da ração) é exigida pelos gatos mais novos.
MANEJO – Alimentar bem o gato não se restringe a escolher o melhor alimento. A maneira como este é oferecido também é importante. É fundamental que o dono conheça bem seu animal, suas manias, suas características etc. Há gatos com maior propensão a problemas urinários, devido a particularidades de seu organismo ou mesmo sua forma de vida. Após as refeições segue-se fisiologicamente uma onda alcalina, que ocasiona elevação do pH urinário. Quando o animal apresenta várias refeições por dia, esta onda é quebrada em ondas menores, acarretando menor interferência na urina. Desta forma, o animal apresentar varias refeições ao dia favorece a prevenção da DTUIF.

A ingestão de líquidos e o volume urinário também colaboram para evitar a formação de cristais na uretra. É preciso, então, estimular a ingestão de água, colocando-a de forma a estimular seu consumo, sempre fresca e em um local que o gato goste. Antes de adotar um bichano, o dono deve conhecer um pouco sobre o temperamento e os costumes desses felinos domésticos, seus hábitos alimentares e cuidados básicos, para que possa oferecer as condições necessárias de desenvolvimento e saúde do animal. Desta forma a relação entre os dois será sempre mais estimulante e interessante.

FONTE:
Revista Alimentação Animal – Número 15 - Jul/Ago/1999.
Sindicato Nacional da Indústria Alimentação Animal – SINDIRAÇÕES
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