segunda-feira, 22 de abril de 2013

SUS dos animais não dá conta - Prefeitura de São Paulo inaugurou hospital em julho/2012.



Mesmo com prédio novo, hospital veterinário mantido pela Prefeitura não dá conta da demanda
Triagem. Filas. Pacientes que chegaram de madrugada para receber a senha e só são atendidos à tarde. Essa dura rotina, que faz parte da vida dos brasileiros que dependem do serviço público de saúde, é compartilhada também pelos proprietários de animais que utilizam o único hospital veterinário gratuito de São Paulo. Inaugurado em julho de 2012, o local já está abarrotado, principalmente de cachorros, gatos e seus donos.



Esse serviço, oferecido pela Prefeitura, funciona no Tatuapé, na Zona Leste, em dois endereços. No primeiro deles, na Rua Professor Carlos Zagotis, acontece a triagem, os serviços de raio-X, ultrassom e de odontologia animal. No segundo, um prédio de três andares recém-inaugurado na Rua Serra do Japi, ficam os dois centros cirúrgicos, laboratórios de análises clínicas, ala de internação com 30 leitos e consultórios.

As portas da triagem são abertas todos os dias às 5h30. Antes disso, ainda de madrugada, começa a se formar uma fila na Rua Professor Carlos Zagotis para receber as únicas 30 senhas distribuídas no dia.

“Para quem está acostumada com o SUS (Sistema Único de Saúde) essa é só mais uma fila”, ironiza a desempregada Rita Melo, que chegou às 4h40 na última quinta-feira trazendo o cão Urso com suspeita de um tumor no intestino.

Ao todo, são atendidos no hospital veterinário cerca de 100 animais por dia. Contando os retornos e as cirurgias, cerca de 25 diariamente. Para atender a essa demanda, uma equipe de 63 veterinários se reveza nas duas unidades.

A ideia do serviço é atender prioritariamente proprietários de animais cadastrados nos programas de renda mínima, Bolsa Família e moradores de abrigos públicos.

Para tanto, uma assistente social faz uma entrevista prévia para ver se o caso se enquadra na proposta do hospital público. “Além desses casos, atendemos também emergências, sem fazer distinção da classe econômica do proprietário”, explicou Daniel Jarrouge, coordenador do serviço.

Prefeitura terceiriza serviço para uma associação privada

Graças à mobilização de ONGs protetoras dos animais, a Prefeitura resolveu abrir o hospital veterinário municipal com serviços gratuitos no ano passado. Para isso, fechou um contrato com a Anclivepa (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais de São Paulo), no qual destina R$ 600 mil mensais para o atendimento médico dos pets. Esse é o único serviço inteiramente gratuito na capital. Algumas universidades da Grande São Paulo oferecem atendimento de emergência ou consulta em diferentes especialidades para animais com preço reduzido, mas por determinação do Conselho Regional de Medicina Veterinária elas não podem oferecer serviços de graça para não concorrer com os profissionais formados. Por isso, os valores cobrados são, em média, 30% menores do que os das clínicas particulares. Nessa lista estão a USP (Universidade de São Paulo), a Unip (Universidade Paulista) e a Universidade Metodista .
FERNANDO GRANATO
fernando.granato@diariosp.com.br
Jornal Diário de São Paulo

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