Investigação sobre a conduta dos bichos faz parte do trabalho do médico veterinário
Eles saíram dos pátios para morar em apartamentos. Há pelo menos 25 anos, cães e gatos, independentes por natureza, passaram a viver em espaços pequenos. E, como um membro da família, sofrem estresse, são sensíveis a mudanças e apresentam comportamentos que incomodam. Dependendo da atitude dos donos, os cães, por exemplo, podem ser fiéis guardiões, ajudar na cura de doentes, ser amáveis companhias ou matar um ser humano. Por isso, interpretar o perfil e sugerir técnicas de manejo animal é o novo foco do médico veterinário.
- Ainda não há uma especialização formal. A clínica comportamental está engatinhando. Além de mim, conheço outros quatro veterinários que se dedicam a área no Estado. Cuidamos de pequenos animais, cavalos e animais de produção, que também devem chegar ao abate sem medo ou sofrimento - diz Luiz Antonio Scotti.
Sujar o tapete, mostrar agressividade, latir em excesso podem ser sintomas preocupantes. Assim como um cavalo resistir à montaria. Por isso, a clínica comportamental, explica Luiz Antonio, começa com avaliação geral da saúde do animal, que pode incluir exames neurológicos e hormonais, homeopatia, acupuntura, florais até medicação alopática. Mas a principal terapia, diz o médico, ainda é o manejo do proprietário.
- Muitas vezes, precisamos ir até a casa e acompanhar a rotina do animal e da família. Os cães são muito previsíveis. Se os donos respeitam o bem-estar deles, vão apresentar pouca ou nenhuma alteração - diz o médico.
Adestrando cães e domando cavalos para pagar a faculdade, Luiz Antonio descobriu a nova clínica. Formado desde 2006 pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), ele investe no estudo do comportamento animal como um diferencial. Mesmo em uma consulta comum, dedica sempre um tempo para dar dicas aos donos e coleciona sucesso com os animais. Um deles é a cadela Florzinha, uma vira-lata que duas vezes por semana visita crianças internadas no quarto andar do Hospital da Ulbra.
- Ela era de rua e foi adotada de uma ONG. É um animal abençoado que transforma tudo ao seu redor. No hospital, vai ao encontro das crianças e faz o que elas desejam. Pode ser só acariciada ou mostrar truques para divertir os pequenos pacientes. Ela tem um comportamento exemplar. Tudo porque é tratada com muito respeito. Quando não veste o avental de doutora, é livre para fazer o que mais gosta, que é brincar - conta o médico idealizador do projeto.
Florzinha mora no canil da universidade com 10 pastores alemães que trabalham na segurança do campus, sob a responsabilidade de Luiz. Os animais também ajudam na formação de estagiários e alunos do curso interessados em adestramento.
Fonte: Zero Hora
( lucia.pires@zerohora.com.br )
LÚCIA PIRES
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