Metade das espécies de mamíferos está em declínio numérico e, provavelmente, um terço estão ameaçadas de extinção, segundo a lista vermelha da União Internacional para a Natureza (UICN), publicada nesta terça-feira em Barcelona.
Os especialistas da UICN, um dos principais organismos em matéria de biodiversidade, dedicou aos mamíferos o estudo mais completo já realizado sobre o tema.
A UICN confirma a gravidade da crise atual: uma em cada quatro espécies de mamíferos está ameaçada de extinção, ou seja, 1.141 de 5.487 espécies registradas, informa a UICN no estudo, o mais completo e exaustivo já realizado sobre os mamíferos até esta data.
No entanto, a realidade pode ser pior devido à falta de informação sobre 836 mamíferos, advertiu a organização, que realiza seu quarto congresso até 14 de outubro em Barcelona.
Para os cientistas, a ausência de informações relativas a uma espécie é geralmente um mau presságio.
"Na realidade, o número de mamíferos ameaçados de extinção poderá atingir 36%", considera Jan Schipper, um especialista da UICN, em um artigo publicado nesta segunda-feira a revista Science.
"Nossos resultados mostram uma imagem muito sombria da situação global dos mamíferos no mundo", ressalta, indicando que "a metade está em declínio".
Pelo menos 76 espécies de mamíferos já despareceram desde 1500.
A crise atual é considerada a do sexto grande período de extinção das espécies. O anterior foi o do desaparecimento dos dinossauros há 65 milhões de anos.
No total, a lista vermelha da UICN criada em 1963 lista 16.928 espécies de animais ou de plantas ameaçadas de extinção contra 16.306 em 2007 de um total de 44.838 espécies monitoradas contra 41.415 no ano passado.
Na categoria de risco mais elevado, a de "perigo crítico", há 3.246 espécies, enquanto que 4.770 são consideradas "em perigo" e 8.912 estão "vulneráveis".
A expressão "em perigo crítico" significa que a probabilidade de extinção da espécie é muito grande.
Na lista vermelha 2008, 188 mamíferos foram classificados nesta categoria, como o lince ibérico (Lynx pardinus).
Algumas espécies como o cervo do Pai Davi de origem chinesa (Elaphurus davidianus) não existem mais em estado selvagem e vivem apenas em cativeiro.
Cerca de 45O mamíferos foram classificados na categoria "em perigo", como o diabo da Tasmânia (Sarcophilus harrisii), um marsupial carnívoro cuja população caiu mais de 60% nos des últimos anos, em motivo do aumento de casos de tumor canceroso facial ainda inexplicados.
O gato pescador (Prionailurus viverrinus), no Sudeste Asiático, passou da categoria "vulnerável" para "em perigo", vítima da destruição de seu habitat natural.
Até a situação da foca do Cáspio (Pusa caspica), cuja população caiu 90% em cem anos, vítima dos caçadores. Mas a situação ainda pode ser revertida: graças a diferentes programas de conservação, resultados animadores foi obtidos com 5% dos mamíferos ameaçados.
Com isso, o toirão americano (Mustela nigripes) é considerado simplesmente "em perigo", depois de ter sido reintroduzido com sucesso no México, enquanto que anteriormente era classificado como "esxtinto em estado selvagem". O cavalo selvagem (Equus ferus) foi reintroduzido com sucesso na Mongólia.
"Quanto mais esperarmos, mais caro custará para impedirmos novas extinções de espécies", advertiu Jane Smart, responsável pelo programa de espécies da UICN.
BARCELONA, Espanha (AFP) .
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