Longo caminho a percorrer
Apesar do programa promovido pela Secretaria Municipal de Saúde, que já conseguiu esterilizar cerca de 2,4 mil cães e gatos em Caxias, bichos abandonados na rua e aqueles cujos donos permitem o acasalamento indesejado, e largam as crias à própria sorte, contribuem para aumentar a superpopulação de animais nas ruas. Apesar de os resultados aparecerem a longo prazo, a castração e a educação para a posse responsável são as soluções ideais apontadas por especialistas
Caxias do Sul – Estima-se que cerca de 2,4 mil cães e gatos já foram esterilizados por meio de um projeto implantado pela Secretaria Municipal de Saúde em setembro passado. Apesar de parecer alto, o número representa apenas 30% da população estimada de animais, ou 7,4 mil, que deverão passar por cirurgia em quatro bairros da Zona Norte: Vila Ipê, Cânyon, Santa Fé e Belo Horizonte. De acordo com o veterinário Rogério Poletto, responsável pela ação, o número de cachorros e felinos chega a 30% do total da população humana nesses locais.
– Os agentes da vigilância passam nas casas, listam os animais e observam em que condições eles vivem. Além disso, orientam os donos sobre cuidados com a higiene, condições para manter os cães bravios presos... Os listados e outros que a clínica encontra em casas durante a visita ao bairro também são beneficiados, em uma espécie de arrastão de castrações – explica Poletto.
Apenas uma clínica é cadastrada junto à prefeitura para fazer as operações. Por animal, o município paga R$ 80, chegando a um limite de 400 procedimentos por mês.
O trabalho na Zona Norte, segundo Poletto, ainda deve demorar mais seis meses. O próximo passo é atender outros bairros com superpopulação de animais como Reolon, Mariani, Diamantino, Vila Lobos e região do Aeroporto.
Em todo o município, o veterinário estima que cães e gatos cheguem a 20% da população. Se consideramos que Caxias tem cerca de 450 mil habitantes, haveria em torno de 90 mil animais domésticos. Por enquanto, não há estatísticas sobre quantos destes vivem nas ruas da cidade. Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais (Anfal Pet) e da Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal (Arca), organização não-governamental de São Paulo, no entanto, podem dar pistas sobre o assunto. No Brasil, estima-se que existam 46 milhões de cães e gatos e, desse total, pelo menos 10% estariam em estado de abandono ou sem um lar de referência. Se esse percentual fosse aplicado igualmente em Caxias do Sul, a quantidade de animais nessas condições chegaria 9 mil.
– Acho um pouco alto este número, mas não deve ser muito diferente disso, se levarmos em conta que só a Soama (Sociedade dos Amigos dos Animais) tem mais de 1,8 mil bichos abrigados – diz Poletto.
E o problema cresce todo dia, uma vez que diariamente novas ninhadas nascem daqueles cães e gatos cujos donos permitem o acasalamento indesejado.
– Se as pessoas continuarem a não se responsabilizar pelos animais, será difícil acabarmos com a superpopulação. Os donos têm de saber que ter um bicho de estimação também traz ônus – afirma.
Por isso, o veterinário acredita que a educação seja a segunda arma mais eficaz contra o abandono e maus-tratos aos bichos. No entanto, ele reconhece que esse trabalho ainda é insuficiente no município.
– Com orientação, as próximas gerações poderão mudar esse quadro. Sem educação, a tendência é que os problemas se perpetuem – analisa o Poletto.
eliane.debrum@pioneiro.com
ELIANE DE BRUM
Na Soama
Os animais abrigados na chácara da Soama não são castrados pelo projeto da prefeitura, mas por veterinários, voluntários ou não, da própria entidade. É por isso que quem adota um cão ou gato da entidade contribui com uma taxa para custear a esterilização do bichinho.
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