Quase 90% dos cães e gatos capturados ou recolhidos pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) são submetidos a eutanásia.
Segundo dados do próprio órgão referentes ao primeiro trimestre deste ano, 86,9% dos cachorros para lá conduzidos foram sacrificados neste período. O percentual de gatos nas mesmas condições é ainda maior: 89,8%. Os números são criticados por defensores de animais.
No entanto, segundo o diretor da Vigilância Sanitária de Bauru, Flávio Tadeu Salvador, são eutanasiados apenas animais doentes. No caso dos cães, a principal vilã é mesmo a leishmaniose. No caso dos gatos, a rinotraqueíte - altamente contagiosa entre os felinos. De acordo com Salvador, quando um gato doente é colocado com outros saudáveis, a possibilidade do restante ser contagiado é grande. “A gente tem tomado todos os cuidados para tentar diagnosticar o mais precocemente possível para não contaminar os outros”, explica.
A rinotraqueíte felina é uma doença viral semelhante a uma gripe. Os felinos que se recuperam da infecção tornam-se portadores. Com queda na imunidade podem voltar a sofrer com a doença, que provoca espirros, conjuntivite, febre e falta de apetite, por exemplo. Como na gripe em humanos, o tratamento consiste em amenizar os sintomas ao reforçar a imunidade, conforme explicaram veterinários ouvidos pelo JC. Existe vacina para evitá-la, diferentemente da leishmaniose – doença transmitida pelo mosquito palha infectado com a leishmânia.
Neste caso, o tratamento em animais é uma questão polêmica. O poder público proíbe por temer que a leishâmia se fortaleça frente aos medicamentos adotados, cujos componentes também são adotados em humanos. Numa queda de imunidade, o protozoário pode voltar a se reproduzir no organismo do cão que passou por tratamento, mas desta vez mais forte e menos suscetível aos remédios. A situação representa ameaça aos homens, que também enfrentam o problema. Ainda assim, muitos veterinários e donos de animais reivindicam o direito de tratar o bicho.
Diagnóstico
Uma outra questão controversa tem relação com o diagnóstico das doenças em questão. Atualmente, em grande parte dos casos é feito de forma clínica, com base em sintomas, para desespero dos protetores de animais. Quando chegam no CCZ, os cães permanecem em observação por cinco dias. Neste período, também ficam à disposição do dono, que pode retirá-los no órgão. Mas quando estão bem e são abandonados, vão para a adoção. Ontem, por exemplo, estavam disponíveis 36 gatos e 17 filhotes para interessados. No caso de cachorros, nenhum.
No primeiro trimestre deste ano foram 183 cães disponibilizados, sendo que 84,6% foram adotados. Já 98,1% dos gatos colocados para adoção ganharam nova família (dos 55, 54 foram adotados). “Sempre tem mais gato para adoção. As pessoas preferem cachorros, mas a gente tem estimulado a adoção de gatos por conta da leishmaniose”, informa Salvador. Quando a família se interessa, recebe o animal castrado, vermifugado e vacinado. Apesar do cuidado, a função do CCZ é cuidar da saúde do ser humano, prevenindo doenças.
Interessados em adotar animais podem procurar o CCZ pelos telefones (14) 3281-2646 ou 3281-7034.
Luciana La Fortezza/Com Lígia Ligabue
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