O mercado de produtos veterinários e afins no Brasil, apesar de relativamente recente, dá sinais de
que, dentro em breve, estará próximo de alcançar o sucesso obtido em outras regiões do planeta –
e indícios para isso não faltam: além do fenômeno de humanização dos animais de estimação,
observa-se que a sua população cresce proporcionalmente ao número de pessoas no País (sem
contar o fato de que, a cada dia que passa, os “bichinhos” começam a ganhar mais espaço dentro
dos lares brasileiros).
Evidente que, diante dessa realidade, quem mais ganha com a soma desses fatores são os
chamados “pet shops” – lojas especializadas em oferecer produtos e serviços para animais
domésticos de pequeno e médio porte.
Para se ter uma idéia da relevância que esse setor vem ganhando nos últimos
tempos na economia do País, basta verificar que, desde 95, o mercado cresce
a uma média anual de 17%, faturando cerca de US$ 1,5 bilhão ao ano. O que,
a princípio, pode parecer um número surpreendente ganha fundamento
quando se analisa que tal segmento atende a uma “população” de cerca de 25 milhões de cães, 11
milhões de gatos, 4 milhões de pássaros e, ainda, 500 mil aquários espalhados por todo o Brasil –
segundo dados da Associação de Produtos e Prestadores de Serviços ao Animal (Assofauna).
Mesmo existindo hoje, aproximadamente, cerca de 9 mil pet shops no Brasil, especialistas
acreditam que a oferta de produtos e serviços cresce a uma velocidade muito maior do que o
avanço do próprio mercado. A explicação para isso, afirmam, está no fato de que, como mostrou
ter potencial com seu ritmo de crescimento acelerado, o setor viu surgir, além de novos modelos de
lojas, outros canais de distribuição - todos preocupados com sua participação nessa evolução.
Diante disso, observa-se um descompasso entre o perfil do consumidor e sua expectativa frente às
lojas existentes – dando margens a entrada, no mercado, de conceitos, ações e estratégias de
marketing visando novos formatos de relacionamento e/ou diferenciais na comercialização de
produtos ou na oferta de serviços.
Ao mesmo tempo em que estimam alcançar um volume de negócios, este ano, em torno de R$ 6
bilhões, empresários e entidades representativas do setor sabem que 2005 será o período de
consolidação das mudanças provenientes de um longo processo de ajustes por qual passa o
mercado de pet shops no Brasil desde meados de 95.
Com a profissionalização do varejo especializado e a chegada das megalojas, as empresas do
segmento passaram a buscar maneiras alternativas para a expansão de suas marcas e negócios.
Funcionamento 24 horas por dia, disponibilização de pessoal especializado e devidamente
treinado no atendimento dos bichos e de seus donos e reformulação do seu mix de produtos são
algumas das estratégias utilizadas por muitos pet shops na busca por um diferencial competitivo.
No entanto, especialistas acreditam que uma forte tendência de sucesso
para esse e os próximos anos é a migração para o franchising – por conta do
risco menor, linhas de crédito mais acessíveis e o formato de parcerias. É
importante salientar que, apesar dessa crença de que o conceito de
franquias irá permear, daqui em diante, a decisão dos investidores que desejarem ingressar nesse
segmento, o modelo de franchising não pode ser considerado propriamente uma novidade no
setor: já existem empresas que apostaram nesse modelo de negócios há algum tempo – acontece
que o “boom” do mercado ainda está para acontecer e as franquias existentes não chegam a ser
tão representativas assim.
De qualquer forma, é fato que, havendo excesso de oferta no mercado, apenas os mais bem
estruturados terão condições de sobreviver. Por isso, franquiado ou não, será necessário priorizar
sempre a qualidade total dos produtos e serviços ofertados, o atendimento a clientes e
fornecedores e uma política consolidada de gerenciamento.
Mesmo representando a menor margem de lucro entre todos os produtos vendidos em um pet
shop, o ramo de “pet food” (com são chamadas as rações para pequenos e médios animais)
chama a atenção pelo seu crescimento: nos últimos 8 anos, segundo estimativas da Associação
dos Fabricantes de Alimentos para Animais (Anfal), o consumo desse tipo de produto cresceu mais
de 400% - passando de 220 mil toneladas para 1,3 milhão no ano passado (o que coloca o Brasil
como o terceiro maior mercado de ração para animais domésticos do mundo).
Muito disso pode (e deve) ser creditado a campanhas publicitárias que, nos anos 90, incentivaram
a mudança de hábito dos donos de animais – que passaram a substituir o alimento caseiro por
ração. Além disso, existe também a contribuição da própria indústria de “pet food” que, percebendo
o anseio dos consumidores em busca de rações que ofereçam algo mais para a saúde de seu
bicho de estimação, investiram pesadamente na qualidade final de seus produtos.
No entanto, apesar desses esforços (e mesmo com o aumento do consumo), o índice de
penetração dos alimentos industrializados na dieta da população de cães e gatos no Brasil, se
comparado aos países do Hemisfério Norte, ainda é reduzido. A título de ilustração, enquanto nos
Estados Unidos e no Canadá, por exemplo, a inserção das rações gira em torno de 60% a 70%,
aqui esse número não ultrapassa a casa dos 35%.
Mas, se por um lado, essa diferença pode parecer, em um primeiro momento,
desanimadora, por outro lado demonstra o grande potencial de expansão do
ramo de “pet food” no País – afinal, segundo cálculos da Anfal, existe uma
demanda de 3,2 milhões de toneladas.
Um característica peculiar do brasileiro define uma realidade local que não só contradiz uma
tendência mundial no ramo de “pet food” como, também, determina uma importância incomum às
lojas menores de pet shop no País: o hábito de comprar ração como um motivo para um passeio
até um desses estabelecimentos.
O reflexo imediato disso é que, enquanto nos Estados Unidos os hiper e supermercados
respondem por 2/3 das vendas de alimentos para animais, no Brasil, a relação se inverte (menos
de 1/3 das vendas é realizada por esses canais). Ou seja, pode-se dizer que os micro, pequenos e
médios pet shops, além das clínicas veterinárias, por exemplo, são responsáveis por mais de 75%
das vendas de rações, enquanto que os auto-serviços (que geralmente trabalham com produtos de
segunda linha) e as megalojas ficam com os outros 25%.
Em um mercado com as características e peculiaridades descritas acima, e onde se vê uma
tendência consolidada na busca por diferenciais e por um alto padrão de qualidade no
atendimento, passa a ser fundamental para o sucesso do negócio entender o comportamento de
compra de seu público-alvo e como superar suas expectativas.
Dessa forma, ganha ainda mais relevância as informações obtidas através do Target Index Group,
ferramenta de pesquisa do IBOPE em que é possível conhecer os hábitos e os perfis não apenas
dos proprietários de animais domésticos de Salvador como, também, daqueles que são efetivos
compradores de produtos e serviços relacionados ao mercado de pet shop local.
De acordo com os dados apresentados, cerca de 32,2% da população soteropolitana possui um ou
mais animais domésticos em seus lares – o que representa 760 mil pessoas no universo total de
mais de 2 milhões e 300 mil habitantes. E entre esses proprietários que mais freqüentam os pet
shops na capital baiana, destacam-se as mulheres (61,6%), com idade entre 35 e 44 anos (21,9%),
solteiras (55%) e da classe DE (52,6%).
Outra informação interessante indicada pela pesquisa é que entre aqueles que possuem animais
domésticos, 68,6% são donos de cães, enquanto que 29,4% têm passarinhos e 24,3% têm gatos
como bichos de estimação.
Analisando os dados que tratam das atitudes e hábitos de compra desse
público, verifica-se que, entre os proprietários de cães, 15,7% preferem
comprar ração da marca Pedigree, enquanto que entre os criadores de
gatos, a marca mais comprada é a Whyskas (39,2%). Além disso,
excetuando as rações, os shampoos, sabonetes e talcos também estão entre os produtos mais
procurados nas lojas de pet shop.
Por fim, vale salientar que preço, pelo menos para os donos de animais domésticos de Salvador,
ainda é um item importante quando sai às compras: 94,3% deles informam sempre procurar ofertas
e descontos, enquanto que esse número cai um pouco quando perguntados se, especificamente,
procuram por valores mais baixos quando vão escolher um produto em detrimento a outro semelhante.
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