sábado, 15 de dezembro de 2007

Passagem para cães e gatos

O período de férias é sinônimo de abandono de animais. Os números são imprecisos, mas entidades de proteção estimam que em Porto Alegre haja aumento de até 900% no recolhimento de cães e gatos deixados em ruas e parques por seus proprietários.



Foi pensando nisso que a Assembléia Legislativa aprovou, no dia 11, projeto de lei que autoriza o transporte dos mascotes em ônibus intermunicipais no Rio Grande do Sul.

Segundo o projeto do deputado Carlos Gomes (PPS), que aguarda sanção da governadora Yeda Crusius, poderão ser transportados animais com até oito quilos, acondicionados em caixas (de fibra de vidro ou de madeira, com preços que variam de R$ 49 a R$ 90). Caso seja aprovado pelo Executivo, as empresas de transporte terão 90 dias para se adequar à lei.

O texto prevê ainda que os ônibus deverão ser equipados com um compartimento ventilado para receber as caixas com os animais. Caso contrário, eles poderão ficar com os donos nos bancos do veículo.

Será permitida a cobrança de taxa para embarcar a bicharada. O preço será definido em uma futura reunião do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e pela Associação Rio-grandense de Transporte Intermunicipal (RTI) - as empresas brasileiras de aviação cobram em média R$ 138 para embarcar um animal de pequeno porte em um vôo doméstico.

Atualmente, apenas cães-guia podem viajar em ônibus intermunicipais. Para isso, os bichos precisam estar com a carteira de vacinação em dia e contar com um atestado de guia de deficientes visuais.

- Muitas pessoas viajam com os bichinhos escondidos nos ônibus, o que é inaceitável, pois a proibição de embarcar em ônibus com cães e gatos pode causar o abandono dos animais - disse Carlos Gomes.

Fiscalização das vacinas ainda deve ser definida

O projeto já começa a gerar polêmica. Rosane Maia Machado, integrante da comissão do bem-estar animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária, entende que o assunto carece de debate. Principalmente sobre a fiscalização da vacinas dos animais que embarcarão nos veículos. Já Paulo Krebs, presidente da Associação Rio-grandense de Proteção aos Animais (Arpa), acredita que cães e gatos ficarão perturbados com a viagem rodoviária:

- É verdade que em períodos de férias o abandono dos bichos aumenta muito. Recolhemos 10 animais por dia nessa época, contra um ao dia no resto do ano, mas não sei se a alternativa proposta é a melhor. Mesmo bem acondicionados, cães e gatos tendem a ficar nervosos com o barulho do ônibus e a viagem. E isso é crueldade.

Controvérsias à parte, a advogada Daniela Damiani, 31 anos, aprova o projeto. Segundo ela, como as viagens ao Litoral Norte e à Serra nem sempre podem ser feitas de carro, o ônibus acaba sendo a alternativa. Bom para a cocker Bela, um ano, e para a dachshund Flica, seis anos, que poderão seguir com a dona aos passeios.

- Elas me acompanham sempre. Não gosto de deixar meus cães para trás. Por isso, levar os bichinhos no ônibus me parece uma grande idéia - afirma Daniela.

Procurados por ZH, as direções do Daer e da RTI afirmaram que só poderão se pronunciar sobre o projeto depois que ele for sancionado pela governadora.
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Saiba mais
Algumas raças com até oito quilos:
Yorkshire
Dachshund (lingüiça)
Poodle
Cocker
Fox
Chiuaua
Lhasa apso
Shiatsu
Gatos em geral
Zero Hora - 15/12/2007

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