Sabe qual a área que mais cresceu na maior empresa de alimentos do mundo? Comida para pets, principalmente no Brasil.
Há algumas semanas, a gigante da alimentação Nestlé divulgou que teve crescimento de 32% em seus ganhos mundiais no primeiro trimestre deste ano (lucro de US$ 2,9 bilhão). Vários setores da companhia contribuíram para isso. Mas um deles, em especial, tem a ver com o Brasil. Mais especificamente, com os 28 milhões de cães e 8 milhões de gatos que vivem aqui. A fome da cachorrada e dos felinos brasileiros fizeram a performance da Nestlé Purina decolar. “Estamos crescendo em um ritmo de 10% ao ano desde 2002, quando adquirimos a Purina”, diz José Parra, diretor geral da Nestlé Purina no Brasil. “Esse percentual é mais que o dobro do que conseguem todos os outros setores da área de alimentação”, comemora o executivo. O consumo de alimentos para animais de pequeno e médio porte quintuplicou nos últimos oito anos, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais.
No caso da Nestlé Purina, entretanto, o bom desempenho não tem nada a ver com bichos de estimação comendo mais ou uma explosão da população de pets. “Fizemos um amplo reposicionamento de nossos produtos no mercado”, explica Parra. A fabricante de rações lançou novas marcas e fez modificações naquelas que resolveu manter no portfólio, tudo com base em um estudo que analisou o perfil do consumidor e sua relação com seus cachorros e gatos. O levantamento mostrou que existem cinco tipos de donos de animais: o criador, preocupado com a saúde do animal, para fins de reprodução; o afetivo, que tem o bicho como companhia; o paternal, que trata seu pet como se fosse um filho; o dono comum, que tem o cão como guarda; e o família, que considera o mascote como mais um membro da casa. Para cada perfil, a Nestlé Purina criou um produto. Por exemplo: a linha super premiun Pro Plan, com reforço nos nutrientes, é dirigida aos criadores. A Dog Chow, com versões para cada idade e porte, é focada no consumidor que tem uma relação de pai para filho com seu cão.
Outra estratégia adotada pela Nestlé Purina é patrocinar workshops para veterinários, donos de pet shops e outros revendedores de ração. O objetivo é dar a eles argumentos para convencer os proprietários de animais a comprar ração para a bicharada. O Brasil, que no ano passado produziu 1,4 milhão de toneladas de ração, tem a terceira maior população do mundo de mascotes. Só perde para os EUA, com 50 milhões de cães e 60 mil gatos, e a França, com 15 milhões de caninos e 70 milhões de felinos. “Apesar disso, o mercado aqui é três vezes menor que o europeu e o americano”, diz Parra. A explicação é que 40% dos animais brasileiros comem restos de comida, e 15% não têm dono. “Com os workshops, podemos mudar esse costume”, acredita o diretor. A Nestlé espera, em cinco anos, ter no Brasil o equivalente a 50% do que é hoje o mercado americano. Ou seja: 2,1 milhões de toneladas de ração.
Por Lilian Cunha
Isto é Dinheiro(14/09/2005)
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