São Paulo - Os frigoríficos brasileiros vão receber treinamento para evitar maus-tratos aos animais de corte. Como se tornam, cada vez mais, uma exigência dos importadores de carne, os programas de abate humanitário - realizado de forma a minimizar o sofrimento dos animais - devem ganhar espaço entre frigoríficos de diversos portes.
Um convênio assinado entre o Ministério da Agricultura, entidades do setor de carnes e a Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) já começou a treinar fiscais para inspecionar e treinar produtores de carne bovina, suína e de frangos no País. Em Santa Catarina, grande produtor de frangos e suínos, 200 frigoríficos farão parte do programa, que será estendido ao Paraná e São Paulo.
"A questão do abate humanitário vem ganhando espaço, e queremos antecipar a demanda dos consumidores mais exigentes. Isso pode ser a chave para a competitividade no futuro", diz Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs, entidade que representa os produtores de carne suína. A idéia é que o setor produtivo se antecipe a futuras barreiras não-tarifárias ao produto brasileiro.
Entre os exportadores de carne bovina, as questões de bem-estar animal já vêm sendo observadas. Pressionados por consumidores e entidades de defesa dos animais, as cadeias de fast food e supermercados europeus começaram a exigir o selo de "bem-estar animal" na carne que compram do Brasil. Isso fez com que grandes grupos, como Marfrig, Bertin, Seara e Perdigão, estruturassem áreas inteiras só para cuidar do assunto.
Além de evitar o sofrimento dos animais, o movimento pode reduzir perdas. Ao sofrer maus-tratos no processo de abate, os animais liberam toxinas que alteram o PH (índice de acidez) da carne. Quanto mais alto o PH, pior a qualidade. "Quando o animal sofre lesões, como hematomas e fraturas, a carne fica imprópria para consumo, o que traz prejuízos para o produtor", diz Charlí Ludtke, coordenadora da WSPA. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo. (AE)
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