quarta-feira, 11 de março de 2009

Operação da PF prende quadrilha de tráfico internacional de animais

A Polícia Federal realiza, desde o início da manhã desta quarta-feira, uma operação para prender uma quadrilha internacionais de tráfico de animais em diversos estados, inclusive no Rio de Janeiro.


A organização criminosa traficava animais silvestres para o exterior e para comércio em feiras no Rio de Janeiro. Até o momento, dezenas pessoas já foram presas na ação, inclusive um tcheco, que se apresentava como empresário. Ele é apontado como um dos responsáveis pela rede de tráfico, e foi preso no Condomínio America´s Park, na Barra da Tijuca.

Pelo menos 450 agentes federais participam da ação que cumpre 102 mandados de prisão e 140 mandados de busca e apreensão nos estados do Pará, Maranhão, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Há procurados também em Portugal, Suíça e Republica Tcheca.

Segundo as investigações da Polícia Federal, iniciadas em janeiro do ano passado, o bando chegava a vender 500 mil animais anualmente para o exterior e nas feiras de Caxias, Honório Gurgel e Areia Branca, no Rio de Janeiro. Entre as espécies mais negociadas estão diversos tipos de aves, jibóias, onças-pintadas, veados-mateiros e macacos-prego.

De acordo com o Ministério Público, a feira de Caxias é um dos principais pontos de venda de animais silvestres no país. Grande parte dos animais vendidos vêm do Parque Nacional da Bocaina, em Paraty, onde atuam duas grandes quadrilhas de caçadores. Eles vendem a diversos grupos de comerciantes intermediários, que revendem os animais tanto para consumidores finais quanto para outros comerciantes que atuam em feiras. A feira de Caxias recebe ainda animais do Pará, Bahia, Uberlândia, Paraná e São Paulo, onde também atuam quadrilhas de caçadores e intermediários.

Pelo menos quatro policiais militares participavam da venda de animais, sendo que alguns tiveram a prisão preventiva decretada. Também havia a participação de funcionários de empresas de ônibus, que auxiliam os intermediários no transporte clandestino, intermunicipal ou interestadual, nos compartimentos de cargas. Foi descoberto, ainda, um grupo de 11 pessoas que atua no tráfico internacional. O grupo de caçadores da Reserva do Tinguá, que inicialmente supunha-se ser a origem dos animais, atua principalmente na caça esportiva e no fornecimento de carnes exóticas para restaurantes locais.

Grande parte dos réus tem antecedentes em crimes ambientais, caçando há muito tempo, sendo este o principal motivo da decretação das prisões preventivas. Alguns foram presos em flagrante durante a investigação e mesmo assim continuaram a praticar crimes depois de soltos. Os presos usavam formas cruéis de captura e transporte, muitas vezes confinando centenas de animais em pequenas caixas. Quando verificavam que seriam alvos de fiscalização, livravam-se dos animais mutilando suas asas ou dando descarga. Quase todos os investigados negociavam animais em extinção.

De acordo com o procurador da República responsável pela investigação, Renato Machado, os detidos devem responder por caça ilegal com a agravante de que os animais estão em extinção e provinham de unidades de conservação. Outros crimes imputados são maus-tratos aos animais, receptação e formação de quadrilha. Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro, onde serão ouvidos.
Fonte: O Globo
Antônio Werneck, Cristiane de Cássia e Luisa Valle

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