quinta-feira, 30 de abril de 2009

Gripe suína: equívoco de uma designação

ARTIGO
Na História da Humanidade temos visto, em várias culturas, o padrão de se atribuir aos animais as nossas paixões, defeitos e virtudes.


Nesse sentido, temos as lendas, as mitologias, as fábulas como de La Fontaine, literatura crítica como de George Orwell e os quadrinhos de Walt Disney. Espelhamos nos animais toda a nossa natureza do que ela tem de melhor e do que tem de pior. Nesse padrão demos nomes de animais às coisas e acontecimentos que são exclusivamente humanas. É o que está acontecendo quando denominamos de "gripe suína" o desencadear de um surto de gripe que é puramente humana e não se conhece nenhum vínculo direto com esses animais.

A denominação errônea de "gripe suína" a um surto de gripe humana, não pode gerar impacto na comercialização e consumo de carne suína, uma vez que essa importante fonte de proteína está totalmente isenta e fora desse alastramento da gripe. Essa carne além de servir como alimento essencial a vários povos, é um elemento fundamental nas páginas da literatura universal. Na Grécia Antiga, o poeta Homero na Odisséia descreve os súditos de Ulisses, se deliciando com carne suína, sendo que o seu principal amigo era Eumeu, responsável por seus porcos, estava na guerra de Tróia. A carne suína era a principal base da alimentação de Esparta que contribuía para manter o vigor dos seus temidos soldados de infantaria. Não era outro alimento que estimulava as luminares discussões e debates entre os filósofos na Atenas do século V antes de Cristo. O escritor escocês Walter Scott, no seu romance Ivanhoé, descreve as refeições dos normandos e saxões na Inglaterra do século XII, com esse alimento nas mesas dos guerreiros de armaduras. Nunca se ouviu falar que a carne suína ou o próprio suíno fossem transmissores de qualquer epidemia, pois se fosse assim Francisco Matarrazzo jamais faria sua fortuna.

A carne suína tem sido, desde os tempos imemoriais, alimento constante e um dos principais mananciais energéticos dos seres humanos, constituindo em dos seus alimentos vitais. Por outro lado, não se conhece nenhuma peste entre os seres humanos provocada por esses animais que estão na base de vários produtos alimentares que são consumidos diariamente. É claro que não devemos desconhecer e nem desprezar os sintomas e efeitos dessa gripe que é muito séria, mas ela é humana e não suína, pois não se conhece nenhum porco contaminado por essa doença. Esse tipo de irresponsabilidade, de dar nomes ao que não é, pode provocar uma situação tão grave quanto qualquer epidemia: o flagelo econômico, trazendo desemprego e mais recessão. Por isso devemos ter, nessa hora, a serenidade de designar as verdadeiras coisas e reconhecer os nosso equívocos. Assim a chamada "gripe suína" é uma designação equivocada e errônea para o surto de gripe humana, transmitida entre seres humanos, que deve ser combatido por todos os sistemas de saúde do mundo. Não podemos deixar a oportunidade de consumir esse saboroso e importante alimento por causa de uma designação equivocada.

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